Os Impactos do Coronavírus (COVID-19) nas Indústrias Químicas e na Economia de Sergipe

De repente um mundo temeroso, onde se pensava que tudo estava certo, agora vira incerto! A ânsia por respostas para tudo e a curiosidade de saber o amanhã sem nem viver o hoje começa a não ter sentido, afinal estamos vivendo o que diz a música cantada por Raul Seixas “o dia que a terra parou”! O que está acontecendo? Quais as consequências? Temos saída?

No final do ano de 2019, a China relata a existência de um novo vírus, CORONAVÍRUS (COVID-19), que nunca tinha sido identificado em humanos e tem sintomas semelhantes aos da gripe comum, mas com grande poder de propagação e contaminação, deixando o Mundo em alerta. A Organização Mundial da Saúde (OMS) acompanha a evolução e em pouco tempo todos os continentes já tinham a presença do vírus, pois, com a tal “globalização”, temos as vantagens das agilidades nas trocas de mercadorias e, ao mesmo tempo, as desvantagens que num caso de contaminação, a exemplo do CORONAVÍRUS, propaga-se numa velocidade muito grande, ou seja, vale apena este tal “mundo globalizado”?. Esta condição de contaminação não é a primeira na história, mas esperamos que seja a última.

Com base no conhecimento do comportamento de propagação e contaminação do COVID-19 até o momento, a OMS recomenda que todos os Países implementem o isolamento social para que não haja um colapso no sistema de saúde, bem como realizem ações de apoio às pessoas – especialmente as mais necessitadas – para evitar uma calamidade social. Logo, não se deve ficar no dilema do que é prioritário: SAÚDE ou ECONOMIA. Isto não tem sentido, afinal a Economia é fruto do trabalho de pessoas com Saúde.

No Brasil, o Ministério da Saúde tem orientado as ações para que todos tenham os cuidados necessários para a não infestação em massa com o vírus na sociedade. Ademais Estados e Prefeituras, a exemplo do Estado de Sergipe, têm tomado ações em consonância com o Ministério da Saúde e com a OMS no sentido de implementar o isolamento social para evitar um colapso no sistema de saúde. A consequência desta ação de restrição de locomoção é a paralização dos diversos setores econômicos (serviço, comércio, indústrias etc.), exceto os essenciais.

O não funcionamento de qualquer setor da economia tem como consequência a falta de arrecadação e desemprego, levando a um problema social. CALMA, calma… Não vamos entrar no dilema Saúde x Economia. Pelo contrário, SAÚDE antes de tudo…, mas os Governantes devem propiciar ações que evitem perdas para o Trabalhador e para os setores afetados, afinal o Estado tem como principal papel a proteção do seu POVO

O Governo do Estado de Sergipe baixou decreto determinando que, a partir do dia 17 até 31 de março de 2020 – e depois ampliou o período até 17 de abril do mesmo ano –, todos devem ficar em casa, isto é, adotou o isolamento social e fechamento dos diversos setores da economia, exceto os essenciais. Como consequência, temos a diminuição da produção e arrecadação no Estado. Um exemplo de setor afetado é o das Indústrias Químicas, cujo consumo, e consequentemente a arrecadação para o Estado, tende a reduzir com a restrição da mobilidade, provocando problemas na economia – mesmo sendo uma grande parte deste setor essencial.

A economia de Sergipe já vem, há algum tempo, com dificuldades de equilibrar as despesas e as receitas, isto em grande parte pela grande dependência da área de exploração de petróleo e gás, que teve seu valor reduzido nos últimos anos, bem como pelo fechamento de Indústrias devido à falta de competitividade e também mudança nas diretrizes da PETROBRÁS, que hibernou a FAFEN e vem reduzindo a exploração de petróleo e gás – que deve parar totalmente a qualquer momento. Agora, temos o fechamento e/ou redução da atividade Industrial devido ao decreto do Governo do Estado que determina o isolamento social devido ao CORONAVÍRUS. Esta ação incrementa o problema de caráter social no Estado, pois, além dos diversos postos de trabalho fechados, temos as micro e pequenas empresas e os micro empreendedores individuais que fecharam e, com isso, toda a arrecadação do Estado fica afetada e seus serviços para com a comunidade comprometidos. Paciência… Não estamos defendendo o Econômico antes da Saúde, apenas mostrando como vêm as nossas perdas, pois, até antes deste vírus, nenhum planejamento foi discutido/mostrado para rever a situação econômica. Estamos sempre andando com o planejamento com o fato acontecido; é preciso mudar esta visão.

Nesta situação da COVID-19, com base das informações e dados até o momento, é preciso que os Governantes e os diversos setores industriais tenham clareza que precisam rever os planejamentos de produção, bem como seus processos, pois neste momento temos alguns setores que são essenciais e estão sem matéria-prima devido à dependência de outros locais que precisam do material e/ou estão com as fronteiras fechadas. Assim, um dos aprendizados é que se valorize a Indústria Nacional e Pesquisas para o desenvolvimento de produtos com matérias-primas Nacionais.

Nestas situações de calamidade, os Gestores devem ter em mente um bom planejamento que propicie aos Trabalhadores e Empresários uma tranquilidade e confiança, pois o Trabalhador em isolamento não deve estar com a preocupação do desemprego, do mesmo modo que o Empresário não pode ver o seu empreendimento acabar, afinal contribui para o Estado. Destacamos que a arrecadação deve ser solucionada com a mão do Estado/Nação. Não se pode deixar que o setor produtivo desapareça e muito menos que os Trabalhadores sejam submetidos a condições de risco a sua saúde, da sua família e de toda a Sociedade.

O ritmo frenético e a ansiedade devem dar lugar a um bom planejamento de ação de cada um, pois incerteza só existe para quem não se prepara para as eventualidades. O Estado de Sergipe pode sair na frente, como foi no enfretamento ao COVID-19, pois, com as suas potencialidades em diversas áreas, é possível ter um desenvolvimento sustentável, no qual o centro seja o Humano; não podemos só pensar no lucro para dividir com acionistas. As pessoas que vivem em Sergipe devem estar com Saúde e sempre serem consideradas em primeiro lugar para qualquer definição de ação a ser realizada pelo Estado. O menor Estado do Brasil em área, mas grande nas potencialidades, deve mostrar que, com respeito ao Trabalhador, podemos recuperar todas as perdas econômicas, pois com Humanidade – e isto Sergipe tem para dar e vender – superamos todas as adversidades.

Prof. Dr. Roberto Rodrigues de Souza

Professor Associado

LABAM DEQ CCET UFS

Conselheiro do CRQ 8ª Região