A Engenharia Química tem suas raízes fincadas no solo fértil da Revolução Industrial, na Inglaterra. Embora não haja uma data ou marco oficial que defina seu surgimento, sua evolução se deu a partir da chamada química industrial, uma forma anterior de produção desenvolvida pela nascente indústria química.
Naquela época, havia uma crescente demanda por produtos químicos como sabões, vidros, tintas, ácido sulfúrico, soda cáustica e processos de beneficiamento de minérios, entre outros. Esses produtos eram majoritariamente fabricados em bateladas, de maneira empírica, carecendo de uma abordagem sistemática e racional, ou seja, daquilo que hoje reconhecemos como o domínio da engenharia.
No início do século XIX, a indústria química começou a se consolidar a partir de três processos fundamentais: o processo Leblanc, que transformava sal marinho em soda; o processo Solvay, que o aprimorava; e o processo da Torre de Glover, que recuperava nitratos durante a produção de ácido sulfúrico. Esses processos eram conduzidos por químicos experientes, mas ainda sem o suporte de uma engenharia formalizada.
Somente no final do século XIX a Engenharia Química começa a assumir uma forma mais próxima da atual, com a conceituação das operações unitárias, etapas fundamentais e comuns a diversos processos químicos. Esse conceito foi introduzido pelo norte-americano Arthur Dehon Little, considerado por muitos como o “pai da Engenharia Química”.
Nesse cenário, destaca-se também George E. Davis, considerado o primeiro grande nome da Engenharia Química. Em 1880, ele ministrou doze palestras na Manchester Technical School, voltadas a químicos formados que, ao final do curso, passaram a ser denominados Engenheiros Químicos. Embora marcante, o verdadeiro marco acadêmico da profissão ocorreu em 1888, com a criação do primeiro curso de Engenharia Química no Massachusetts Institute of Technology (MIT), fruto do trabalho de Arthur D. Little. Três anos depois, em 1891, formavam-se os primeiros sete engenheiros químicos da história.
Na Europa, os primeiros cursos só apareceriam em 1920, nas instituições Imperial College of London e University College of London. No Brasil, o primeiro curso de Engenharia Química foi criado em 1925, na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), marco que representa o início da formação acadêmica na área em solo nacional.
Com esta breve retrospectiva da evolução da Engenharia Química, nós, do Sistema CFQ/CRQs, homenageamos com orgulho e respeito os profissionais que tanto contribuem para o desenvolvimento científico, industrial, econômico e ambiental do nosso país.
Prof. Anderson Dantas de Souza
Docente de Indústria Química e Petroquímica do Instituto Federal de Sergipe
Conselheiro Suplente do CRQ VIII Região/SE